A água é fundamental para a saúde e o metabolismo do corpo,
ainda que muitas vezes seja tão negligenciada em nosso dia a dia. "Na
verdade, somos um grande balde d'água com sais minerais e proteínas. Cerca de
60% do nosso corpo é composto por água, e ela precisa estar em perfeito
equilíbrio com os demais elementos para que tudo funcione adequadamente",
afirma o nefrologista Lúcio Requião Moura, diretor da SBN (Sociedade Brasileira
de Nefrologia).
Nesse balde de substâncias, o sódio tem um papel de
destaque. "É ele que garante o equilíbrio, pois tem estreita relação com o
metabolismo da água", diz Moura. Isso porque, quando em excesso no
organismo, o sódio, como o sal de
cozinha, por exemplo, tende a absorver mais água do que deveria, causando um
descompasso. "Se ingiro muitos alimentos com sódio retenho mais água para
manter o equilíbrio. Acabo ficando com mais sais do que água suficiente para
diluí-los", explica.
O mesmo acontece com o açúcar, quando em excesso no
organismo, mas em menor grau do que o sódio. Quando ingerimos essas
substâncias, elas são facilmente absorvidas no intestino, penetrando na
corrente sanguínea. A rápida elevação dos níveis de glicose após a ingestão de
açúcar, e de sódio após a ingestão de sal, torna o sangue hiperosmolar (o
sangue fica mais concentrado que as estruturas vizinhas), o que atrai líquidos
para dentro da corrente sanguínea, de forma a restabelecer a osmolaridade, isto
é, voltar aos níveis normais. "Essa migração de líquidos para dentro da
corrente sanguínea reduzirá a quantidade de líquidos em outras estruturas
orgânicas, fazendo com que o indivíduo tenha sede", fala o gastroenterologista
Laércio Tenório Ribeiro, integrante da FBG (Federação Brasileira de
Gastroenterologia).
Por isso, aquela sede após refeições muito salgadas ou após
aquela fatia de bolo com cobertura é normal. Moura lembra, no entanto, que
essas substâncias estão, muitas vezes, "escondidas" em alguns
alimentos. "Todos os alimentos contêm alguma quantia de sódio, até mesmo
frutas, verduras e legumes. Ele também está muito presente em alimentos
industrializados, pois é um conservante natural".
O principal mecanismo para determinar se está na hora de
beber água é o da sede. Mas ele só será deflagrado quando a quantidade de água
do corpo estiver no limite do aceitável, ou seja, abaixo desse nível, a falta
do líquido poderá causar prejuízos ao metabolismo. Por isso, é importante
evitar que o corpo chegue a esse limiar.
"Se a quantidade de água perdida é suficiente para dar sede, o
corpo dispara o alerta", diz o nefrologista.
Se a ingestão de água demorar, a pessoa pode entrar em um
nível crítico de falta do líquido no organismo e ter desidratação, que pode
levar à morte em casos mais graves. Alguns sinais de que é hora de beber água
incluem: urina escura e com cheiro forte, cansaço, boca seca, dor de cabeça,
pressão baixa e perda de capacidade de concentração, atenção e memória. "É
preciso especial atenção com idosos e crianças menores de dois anos, que têm
diminuída sua capacidade de ter acesso à água e de detectar a desidratação",
destaca Moura.
O extremo oposto, ou seja, beber água demais, também pode
fazer mal á saúde. Em pessoas saudáveis, o rim filtra em média 800 a 1000 ml de
água em uma hora. "Não há risco de passar mal com quantidades de água que
não excedam esses valores", afirma a nutróloga Andrea Pereira, do Hospital
Israelita Albert Einstein. "Já quantidades superiores a 3 ou 4 litros de
água por hora podem aumentar o risco de hiponatremia, que é a queda do nível de
sódio sanguíneo, podendo causar torpor, confusão e até convulsões".
Quantidade ideal
Apesar de a água ser fundamental para a vida, muitas pessoas
afirmam não sentir sede ou dizem "se esquecer" de tomar o líquido.
Para Pereira, beber água é um hábito e devemos praticá-lo todos os dias para
que faça parte da rotina. "Algumas pessoas não têm sede e, por isso, não
têm o costume de beber água, passando o dia todo sem ingeri-la. Devemos
ingerir, em média, dois litros por dia. Mesmo sem sede essa quantidade é
importante", fala.
A quantidade é uma recomendação da Organização Mundial de
Saúde (OMS) para uma pessoa por dia, para manter o corpo hidratado e saudável.
Equivale a cerca de oito copos da bebida.
"Ao longo do dia o nosso corpo produz uma média de 7 litros de água,
incluída na saliva, na secreção gástrica, na bile etc. O nosso intestino
absorve novo litros. Logo temos um déficit de dois litros entre a produção e a
absorção. Por isso, a ingestão de água é necessária", alerta Pereira.
Outro erro bastante comum é tomar sucos, chás e outros tipos
de bebidas que contenham água, mas se esquecer do líquido puro. Apesar de a
água estar incluída em vários alimentos e bebidas, ingeri-la pura também é
importante, de acordo com a nutróloga do Hospital Israelita Albert Einstein.
Isso porque nem sempre é fácil saber se bebemos o suficiente somente com a
ingestão de tais alimentos.
Nos dias quentes, ao praticar atividades físicas e sempre
que suar em excesso, é preciso aumentar ainda mais essa quantidade de água
ingerida, pois o corpo perderá muito mais líquido do que em condições normais.
"O corpo tem necessidade de água para realizar o metabolismo,
independentemente se a pessoa pratica exercício ou não. Mas se você é um
maratonista ou trabalha em um local quente, por exemplo, ao lado de uma
caldeira, perderá muito mais água pelo suor e precisará beber mais do líquido
para manter esse equilíbrio", fala o diretor SBN.
E ai, já tomou água hoje?
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